Bernardo Sá Nogueira ; Marquês de Sá da Bandeira
Passam hoje 147 anos sobre a morte deste notável militar e estadista português que teve um papel fulcral na abolição da escravatura em Portugal. Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, Marquês de Sá da Bandeira -Moço fidalgo da Casa Real, Par do Reino, Marechal de Campo, 1º barão,1833 1º visconde 1834 e 1º marquês de Sá da Bandeira1854.
Apoiante dos liberais esteve sitiado durante o Cerco do Porto com várias outras ilustres figuras depois do desembarque dos liberais no Mindelo (Vila do conde). No decorrer da guerra civil entre liberais e absolutistas, viria a perder o braço direito, no Alto da Bandeira em Vila Nova de Gaia.
Político do tempo da Monarquia Constitucional e um importante líder do movimento setembrista na sequência da Revolução de Setembro de 1836, Sá da Bandeira tornou-se ministro do Interior do novo governo. Pouco tempo depois, uma tentativa contra-revolucionária (A Belemzada) que pretendia levar ao poder a fação Cartista teve um efeito contrário ao desejado levando a rainha D. Maria II a nomear Sá da Bandeira como presidente do Conselho Membro do Partido Histórico que abandonou para formar o Partido Reformista.
Juntamente com Passos Manuel, iniciou um programa de reformas tendo em vista o progresso do País, estendendo a abolição da escravatura declarada na metrópole, a todas as colónias portuguesas.
No ano seguinte, conseguiu abortar a revolta dos Marechais contra o seu governo, mas em 1842, o golpe de Costa Cabral acabou este período de governação setembrista.
Por sua vez, em 1846 o general apoiou a revolta da Maria da Fonte pondo fim ao governo Costa Cabral.
Com o ressurgir da nova guerra civil da Patuleia, a qual terminou em 1847, os cartistas, apoiados pela rainha e por forças do Reino Unido e Espanha, ascenderam ao poder que mantiveram durante mais de dez anos.
Já no reinado de D. Pedro V inicia-se o sistema do rotativismo que iria caracterizar a Monarquia Constitucional até ao fim. De um lado, o Partido Regenerador, formado pelos antigos cartistas, de cariz mais conservador; do outro, o Partido Histórico, derivado do movimento setembrista, de feição mais liberal do qual Sá ad Bandeira fazia parte, sendo a sua segunda figura, logo após o Duque de Loulé.
Sá da Bandeira ascendeu de novo à chefia do governo em 1865, mas apenas durante cinco meses, dado ter-se formado uma grande coligação constituída por Regeneradores e Históricos, o Chamado governo de fusão.
Sá da Bandeira não aceitou esta hipótese, e acabou por se afastar do partido, formando com os seus correligionários o partido, Reformista. À frente deste, Sá da Bandeira voltaria a ser presidente do Conselho por um curto espaço de tempo, entre 1868 e 1869.
Em 1870, o marechal Saldanha organizou novo golpe que o levou ao poder, estabelecendo a ditadura, mas contra o qual Sá da Bandeira se bateu e fez cair passados 3 meses. Sá da Bandeira foi, pela quinta e última vez, convidado a formar governo. Organizou depois eleições e ofereceu o poder ao independente António José Ávila.
Assim, Sá da Bandeira assumiu diversas pastas ministeriais e foi por cinco vezes presidente do Conselho de Ministros (1836–1837, 1837–1839, 1865, 1868–1869 e 1870), para além de presidente interino do Conselho de Ministros em substituição do Duque de Loulé (1862).
Desligado da vida partidária viria a falecer em Lisboa a 6 de janeiro de 1876. O seu epitáfio, escrito por ele próprio, e que pode ser lido no seu túmulo que se encontra no cemitério de Santarém, sua cidade natal, é bem ilustrativo do seu amor por Portugal: “Foi soldado desde 4 de Abril de 1810; combateu pela independência da Pátria; foi gravemente ferido no Campo de Vieille, em França; combateu pela Liberdade; foi ferido quatro vezes e perdeu o braço direito no Alto da Bandeira. Serviu o seu País, servindo as suas convicções, morre satisfeito: a Pátria nada lhe deve.”
Fontes :
Sociedade Histórica da Independência de Portugal.
Santos Gama, 6 janeiro 2023